sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pesquisa revela: maioria quer jornalistas formados

Pesquisa divulgada no último dia 22 pela CNT/Sensus mostra opinião favorável da maioria dos brasileiros à manutenção da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão.

Os dados revelam que da duas mil pessoas, entrevistadas em todo o país, 74,3% defendem a formação específica em nível superior para os profissionais. Segundo o levantamento, apenas 13,9% acreditam não ser necessário o diploma para o exercício do jornalismo e 11,7% não opinaram.

O debate sobre a obrigatoriedade ou não do diploma tem dividido opiniões e se acirrou em virtude da possibilidade do STF (Supremo Tribunal Federal) tomar decisão definitiva sobre a questão, no julgamento recurso extraordinário (RE/511961), ação que questiona a constitucionalidade da legislação que regulamenta a profissão no Brasil.

A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) realiza campanha nacional em favor da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. A entidade está recolhendo assinaturas de jornalistas e da sociedade para apresentá-las perante o STF (Supremo Tribunal Federal) e sustentar os argumentos em busca do fim de quase cinco anos de espera por uma decisão.

A jornalista Daniele Ricci, repórter da Gazeta de Piracicaba, formada em jornalismo pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), diz que é a favor do diploma, pois acredita que é preciso uma boa base teórica que só é oferecida na faculdade. "Exerço a profissão de jornalista há dez anos e posso dizer que durante a carreira, surgem situações que exigem que você saiba lidar com o aspecto psicológico do entrevistado, interpretando seus gestos e palavras. Essas situações só podem ser resolvidas com a ética jornalística e de forma consciente, conforme aprendemos na faculdade".

Ela completa: "Acredito que qualquer pessoa possa escrever um artigo, mas a produção de uma reportagem como, por exemplo, a que produzi sobre o Cadeião de Piracicaba, é muito mais complexa, é preciso técnica e é necessário ter o seu consciente psicológico em ordem".

Erich Vallim, editor-chefe do jornal A Tribuna Piracicabana, também diplomado pela Unimep, é a favor da suspensão e afirma que a defesa pelo diploma é corporativismo sindical. "O editor do jornal, por sua experiência, tem capacidade para saber quem está apto a fazer um bom jornal", afirma.

Vicente diz que um bom jornalista deve ter mais que um diploma, necessita de um vasto repertório e também de conhecimento sobre assuntos que envolvem a sociedade, e completa que muitas universidades atendem aos estudantes de forma precária, e não os prepara realmente para a realidade da carreira jornalística.

Em artigo publicado no Portal Estadão, o jornalista e professor universitário Eugênio Bucci traz reflexão rica sobre o tema.

Ele defende a qualidade da formação: "Qualquer um de nós, quando vai ao médico, ao advogado ou ao dentista, procura profissionais com bons currículos acadêmicos e científicos. Mas, quando se trata de servir informação ao público, imaginamos que um prático, sem formação, pode dar conta do recado. Não pode - ou não pode mais, a não ser excepcionalmente. A porta para o futuro, também nesse caso, está na qualificação dos profissionais. Com diploma ou sem diploma, é da qualificação que dependerá a consistência e a fecundidade do nosso debate público".

Leia a íntegra do texto de Eugênio Bucci.

Para mais informações, acesse também o site da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).

(Samanta Marçal e Camila Tavares)

Um comentário:

Erich Vallim Vicente disse...

Samanta, legal a matéria, mas tem um equívoco: o que disse como corporativismo sindical é a obrigação do registro. Diploma, que significa qualificação, obviamente sou favorável. Quem não é? Bom, mas é isso. Do resto, ficou bacana a matéria. Ass: Erich