quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Di Franco aponta ‘qualidades’ e ‘defeitos’ do jornalismo

Texto: Leonardo Moniz Ribeiro; Foto: Karla Camargo

Ponto final no 2º Simpósio do Curso de Jornalismo da Unimep. O tema do evento, “Formação e Ética”, foi o centro da discussão de sexta-feira, 31.


Di Franco alertou para a responsabilidade do jornalismo

Carlos Alberto Di Franco, articulista de O Estado de S. Paulo e professor de ética jornalística no Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Grupo Estado, ministrou palestra sobre os defeitos e qualidades do jornalismo, e indicou parâmetros objetivos para a aplicação do conceito de ética.

Diretor do Master em Jornalismo/Gestão em Empresas de Comunicação, programa destinado a editores de veículos de comunicação, Di Franco concedeu entrevista exclusiva ao Unimep Jornal e deixou claro que encontros como o Simpósio promovido pela Unimep só "fazem bem à saúde do jornalismo”.

Confira:

Por que o senhor se decidiu pelo jornalismo?
São duas as minhas razões. Sempre tive uma curiosidade para saber o porquê das coisas. Uma curiosidade para entender cada processo. Além disso, vejo o jornalismo como um serviço, uma forma mais incisiva de atuação na vida social.

Que qualidades caracterizam um bom jornalista?
O essencial é a percepção, a curiosidade, a rapidez e a inquietude. Vou dar um exemplo. Quando selecionamos os alunos para participarem do Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Grupo Estado, fazemos uma entrevista para selecionarmos quem fará ou não o curso. Uma vez, perguntamos a vários deles qual era o presidente da Espanha. Muitos não sabiam, alguns diziam absurdos. Um aluno disse que a Espanha não tem presidente, é uma monarquia parlamentarista, cujo primeiro governo é José Luis Zapatero. Perguntei a ele como sabia de tudo isso. Ele me disse que, como o Estado tem ligações com a Universidade de Navarra, era necessário conhecer e investigar o local. Veja, ele buscou a informação, trabalha atualmente no Grupo. É isso que se espera de um bom jornalista.

Como o senhor analisa o papel das faculdades de jornalismo? Faria alguma mudança?
Eu investiria muito forte na parte humanística. Filosofia, Lógica, História, esse tipo de instrução facilita uma futura especialização. Faz o aluno pensar, indagar sobre aquilo que vê. A faculdade infelizmente tornou-se prisioneira do pragmatismo dos laboratórios. E isso é o mais fácil, atraente. Mas tenho absoluta certeza de que investir nessa formação humana é o caminho. Muita história e filosofia.

O que é o Master em Jornalismo?
O Master nasceu em 1997 e é um curso para Gestão em Empresas de Comunicação. A proposta é responder à demanda do mercado. O curso é destinado a editores, que na verdade são gestores, pois trabalham com motivação, orçamento, estratégias. Temos docentes internacionais, palestrantes de peso como o Bóris Casoy, o Hélio Gáspari. É um tempo para refletir sobre o nosso trabalho, fugir da loucura das redações. Este ano começamos o Master em Jornalismo Digital, que é um programa mais aberto, não restrito a editores. A troca de experiências entre os participantes é algo valioso. É um fórum de observação do futuro do jornalismo.

E como o senhor vê esse futuro do jornalismo?
A imprensa é boa, mas há um incômodo com a forma como o jornalismo está sendo praticado. Sensacionalista e declaratório demais. Vemos um futuro bastante exigente. O profissional terá de estar muito preparado, o mercado aceitará cada vez menos pessoas com menor capacidade. Quanto ao jornal impresso acho que devemos ter uma visão de longo prazo. É fato pouco observado que desde que Lula conseguiu levantar a economia do país os jornais populares multiplicaram suas tiragens. As pessoas gostam de ler jornal. Mas para aumentar esse estímulo, tem de se investir em reportagens, formar esquadrões. Não vejo nada mais atraente que uma bela reportagem.

Um comentário:

Eliana André disse...

Gostei bastante da abordagem e acredito que é isso mesmo que o estudante de jormalismo, bem como o jovem jornalista precisa saber.
Parabéns ao repórter que soube tirar isso do entrevistado.